Quando sai do hospital, sai como todas as pessoas quando ali vão passar temporadas, satisfeita por ver a porta da saida para trás. Como dizia a minha mãe: "hospitais e prisões são zonas a evitar", e eu estava cheia de saudades do meu principezinho. Quando cheguei fiquei sentada à porta de casa, a sentir o vento nos cabelos, enquanto os meus vizinhos iam chegando para saber se tudo estava bem.A casa estava arrumada, havia fruta fresca na fruteira, havia um caderno, onde a Ni escreveu o diário da rotina do Miguel, para que eu não perdesse nada dos seus dias. A Ni, entretanto, foi busca-lo à escolinha e eu estava a começar a desesperar com umas dores na mama e no braço. Nem me queixava, só com medo de ter que voltar atrás ao hospital. O meu filho quando me viu, foi como se sempre ali tivesse estado com ele, perguntou-me: " mãe vamos ver peixes a tomar banho?" traduzindo, quer dizer: "vamos a Sesimbra ver o mar?" ...
A noite foi um dorme-acorda constante, sem posição para ter o braço. Mas tirando essas duas primeiras noites e esses primeiros 3 dias em casa, que recebi visitas dos meus colegas de trabalho, das minhas amigas, muito telefonemas, intercalados com alguma febre, noites mal dormidas, banhos mal tomados, um cabelo comprido para lavar e secar sem puder, uma criança para cuidar, tinha de continuar a pedir ajuda à Mirita e à Ni, que também eram elas que engomavam a roupa, e estavam por perto. Passado esses primeiros dias, a "fúria de viver" era tanta ou eufuria depois das dores, assessorada pela minha amiga Mila bastante gravida, quase no fim do tempo, corriamos tudo quanto eram foruns, ora er o do Montijo, ou Almada, Setubal, Seixal, Vasco de Gama. Pode-se mesmo dizer, que a ginastica que eu fiz ao braço, foi nesses estabelecimentos onde tirava e punha livros nas prateleiras, tirava e metia roupa nos cabides, e lia tudo quanto era indicações e ingredientes dos medicamentos naturais, e roupa de bébés nem se comenta. Sempre tive uma veia consumista muito boa, nada que me causasse muito incomodo, mas de facto, ela nesta altura da minha vida está a ficar aguçada. Parece que me falta o mundo debaixo dos pés. Então, entro nas casas de produtos naturais e compro chás, cds de musica relaxante para meditar, musica com sons da natureza...sim porque musicas de embalar eu ja tenho uma colecção desde a gravidez do Miguel. Livros, todos eles tinham alguma coisa que me interessava ou faziam-me falta, ou porque descobri que os alimentos benéficos para pessoas com o meu tipo de sangue O+, antioxidantes, não eram bons para outras com um tipo de sangue diferente.