Iluminar os dias, continuando a sonhar que é possível viver...

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Um abraço, uma palavra, um sorriso... um caminho que poderá ser muito longo. Afinal é possível.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Hoje pela manhã...

Fiz os quarenta e alguns kms até chegar ao Garcia da Orta, a ouvir Paul Simon.

E veio-me à memória, como Sérgio Godinho... muita coisa me vem à memória, mas passa -me para dar lugar à destreza. Mas veio-me à memória, os tempos dos bancos da escola preparatória de Azeitão, ao lado da minha amiga Tina, da Ana Mata, da Bel Prata...a Tina era sem duvida a minha melhor amiga.Ela devorava Paul Simon enquanto planeava fugas em barcos à deriva em direcção a uma ilha, que só no nosso imaginário, existia e esperava por nós. Estavamos tão cansadas dos problemas dos grandes! Fazia listas extensas do que tinhamos que levar nas bagagens. Eu escrevia romances em que os personagens principais eramos nós, as amigas inseparaveis. Lembro-me das duzentas e algumas folhas escritas num verão de 1980, em casa, sentada na cama, e que enviava via ctt, a alto custo monetário para a minha mãe. A Tina tinha de se ir inteirando dos avanços que o romance levava e se possivel acrescentar mais qualquer coisa (Las irmanitas).

A Tina casou cedo, tem um filho lindo com uns 14 anos talvez, um curso superior e um trabalhinho à sombra. Sempre foi romântica, sonhadora, sensível e muito revoltada com a sociedade . Procurava uma sociedade quase perfeita no seu imaginario, em que eu fazia parte. E cedo se foi destacando no comunismo português.
Eu acordava todos os dias a pensar na defesa dos desfavorecidos, e na melhor maneira de os ajudar, mas sempre a tentar construir negócios que não saiam do papel.Nunca me lembro do casamento fazer parte da minha rotina, se bem que não me conheço sem um namorado ao lado, desde os meus 15 anos.Acabei por casar aos 22 anos e descasar-me aos 25. Sem filhos e com uma licenciatura a meio.

Os anos encaminharam-nos até hoje. E ainda bem. É sinal que vivemos, embora longe uma da outra desde a escola secundaria da Camarinha...desde os nossos 18 anos.

Fomos madrinhas de casamento da Mila (eramos o trio mitisi à 25 anos atrás), e mais uma vez deixamos de cruzar o caminho uma da outra. Nem mesmo contacto por linhas telefonicas.

E tudo isto porque ouvi Paul Simon esta manhã...

E tudo isto porque ela soube que eu estava com um cancro. E o meu telefone tocou muitos dias seguidos a horas diferentes, para me dizer em todas as palavras e silencios... para me aguentar, para que eu não me fosse, não a abandonasse. Porque apesar da distancia, continuo a ser a sua melhor amiga.