Iluminar os dias, continuando a sonhar que é possível viver...

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Setubal, Portugal
Um abraço, uma palavra, um sorriso... um caminho que poderá ser muito longo. Afinal é possível.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Boazona como o milho!...eu e as outras...ah pois é!

Dia 24 de janeiro, trabalhei no escritório de manhã, e pelas 13.15 eu e a minha amiga Mena, estavamos na sala de espera das consultas externas para consulta com o Dr Frederico. A minha amiga parecia uma gralha, tanto falava que não me dava quase espaço para eu meter um queixume pequenino pelo meio. Mas ela tem um encadeamento logico dos acontecimentos e é uma sábia.Daquelas pessoas que ouvimos, ouvimos, adormecemos , acordamos e ela sempre com assuntos logicos ou não, mas que fazem sentido, e ajustados ao acontecimento na altura. É uma menina do melhor...é ela que vai sempre comigo aos encontros com o Dr Frederico.E a malandreca ja me fez um ultimatum:" ou escreves o livro até Junho, ou passas a vir sozinha às consultas!". É muito dura a minha amiga, mas é uma impulsionadora do meu crescimento intelectual.Mesmo em relação á minha volta à universidade, ela quer lá ir à secretaria e tal. É um grande problema que ali tenho.

A consulta decorreu como sempre na descontracção, porque assim que entramos o Dr entregou-me as folhas com os resultados das analises, e eu senti-me logo aliviada assim que vi os resultados dos marcadores tumurais e pensei" yeeeeeeeeessssssss a bicheza anda arredada!". E a partir dai comecei a fazer daquelas perguntas que ninguem consegue responder, porque o futuro só a Deus pertence. Mas esclareceu-me porque nao fazia eu herceptin, que tinha muitas possibilidades de não mais ter a doença, e que só iria fazer exames de rotina a partir de Junho. Fiquei na defensiva quando me disse para eu ter atenção à minha mama direita ( a mama doente), ir observando, se notasse algo de anormal, procura-lo de imediato.Entre medos e questões repetidas, fiquei mais uma vez demasiadamente feliz no final da consulta. Ainda bem que me calhou na rifa este médico, gosto muito dele...acho que é uma personalidade á minha medida. Nunca poderia calhar-me um rato de calhamaços, nem uma vip armada em Claudia Schiffer, tinha de ser alguem com capacidade de ironizar e tornar leve esta doença tão pesada. E como eu sei que ele vem cá ler-me, quero que ele saiba que lhe agradeço de coração a atenção que me dá e a paciência que tem para me aturar. Porque como ele me diz: "fazes muitas perguntas!.... tenho de estar sempre de olho em ti para não me levares nenhum processo de outra pessoa tal é a tua vontade de levares papel".
Depois fomos as duas para o forum, (este lugar ja funciona como catedral ), dar à perna pelos corredores e as fotos acima expostas são prova de que passamos tambem pelos provadores da Zara. Ali andamos na conversa, que entretanto nestes dias, metemos as cusquices em ordem. Fiquei a saber por mensagem que A Carla da Ervilha, estava boazona como eu. E mais tarde, conversa com a Imel, tambem fiquei feliz, por saber que a ressonância dela, tinha sido feita e a médica disse-lhe que tudo parecia estar bem com o figado da menina. Mas pronto, já se sabe, que a resposta final é na consulta depois de nos fazerem aguardar uns dias. Mas tudo vai estar bem, tudo está bem.
E resta dizer que me meti na sangria branca e no marisco, no Rodinhas em Sesimbra à noite com o marido e o filho, que me aguardavam á porta de casa.E dormi mal e encalorada porque o tamoxifene não combina bem com a bebida que embebeda.
Há lá alguma coisa melhor do que um dia como este??? ando a flutuar cheia de sono, mas muito feliz.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Maravilhosas criaturas.


Aqui estamos as três, eu a Cristina J e a Imel.Elas a comerem e a beberem e eu a tirar a foto. Não somos lindas?





Fiquei triste pá! então ninguém comentou a minha foto do urinol do Castelo de S.Jorge??? uma casa de banho publica a céu aberto, antiquissíma e ninguem diz nada!?...



Bem, mas hoje vi a médica que me fez a intervenção cirurgica, a Dra Antonia Botte. Assim que me viu lá sentada na sala de espera, pregou o olhar e começou a sorrir, chegou-se perto de mim e deu-me dois beijinhos. Perguntou-me o que ali estava eu a fazer e como estava de saude. Respondi-lhe e tive vontade de lhe agradecer novamente o facto dela ser médica, e de eu chegar à conclusão que de todas as profissões, esta é das mais dignas, das mais altruistas. Bem, não estou a falar dos médicos que fazem da sua profissão autênticas bancas.Estou a falar daqueles que nós sabemos reconhecer quando temos a sorte de os encontrar.Aqui para nós, esta médica, não é muito conversadora, por isso hoje até me senti, uma pessoa importante por me ter dirigido algumas palavras. Mas para quem for para o hospital de Almada com um problema de saude idêntico ao meu, esta senhora é o melhor que lhe pode acontecer. É muito lúcida, humana, racional... e o trabalho que actualmente desempenha é de qualidade. Comigo foi um bom trabalho.



Mas assim que entrei para a sala para me ser retirado o nectar dos deuses, fiquei atenta a um menino duns 10 anos por ai, a fazer uma enorme birra com medo das agulhas. So ouvia a mãe a dizer-lhe : " faz lá isto que a mãe dá-te um euro."E o miudo cada vez mais assustado respondia: "eu faço, mas quero ser o ultimo.". Eu entretanto fui para o calaboço para me esburacarem aqui no antebraço o poço de petroleo de Troia, secoooo como só ele. Duas vezes, e o sangue corria lentamente e escasso. Até que a enfermeira : respirou fundo e disse:" isto com uma reza vai".



Enquanto vestia o casaco olhava o miudo que parecia despojado de mobilidade e com uma lagrimazita a escorrer no seu rosto moreno. La tive que meter a colher : " então Tiago ja está?...olha eu cheia de pensos, e não me custou nada!...vá lá anima-te, eu sou testemunha que a tua mãe te prometeu uns euros, agora pede-os que bem os mereces." O puto sorriu e eu sai com a manhã meio ganha.



Pouco depois, no Forum Almada e depois de umas quantas mensagens e telefonemas, lá conseguimos encontrar-mo-nos as três. Eu, a Cristina J. e a Imel. Tão giro a empatia que sentimos umas pelas outras. Procuramos um sitio acolhedor para beber um café e trocar umas palavras. E o meu dia desta vez, estava ganho. A Cristina eu ja conhecia, e agora foi mais um momento de aproximação, troca de ideias, enfim... a Imel, foi uma estreia. Gostei tanto de a conhecer e de falar com ela. Ali estivemos as três...e a li ficavamos mais tempo para lavar e durar. Isto a conversa são como as cerejas...não sei bem porquê... mas tambem não interessa nada...



Conclusão, foi leve este meu dia e não como eu ja estava a pressenti-lo "duro de roer", tenho de agradecer aquelas lindas cachopas. Amanhã consulta com o Dr Frederico. A Carla da Ervilha tambem tem consulta, e a Imel ecografia abdominal.






Nota de rodapé:Imel, a tua maquina devia estar proibida de fotografar!...que é isto?!...somos lindas mas assim tambem é demais. Tu vê lá as que escolhes Imel? somos capazes de te mover um processo por difamação e abuso de retratos.Eu bem disse que era melhor pedir a alguem para fazer este trabalhinho, mas tu, Imel disseste que tinhas uma maquina xpto e coiso e tal, e vejam bem o que saiu de lá... ainda por cima, vê-se a franja da Cristina J. ! é pá! espera pela tareia !

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

.Grau de deficiência...shiiiiiii....para quê???

Urinol do Castelo de S.jorge

Dia 21 deste mês, ontem, fui a uma junta médica para finalmente sair o veredicto da deficiência atribuida a minha humilde pessoa. Já era esperada à algum tempo, mas mete-se pelo meio as festas e a coisa é violentamente atrasada. Mas para mim, nem me enche nem me vaza!... é um protocolo a seguir mas sem muita importância. E agora com a alteração da lei, no inicio do ano, piorou...nem o misero imposto de circulação é pago ( o selo da viatura). Ainda não aprefundei bem o tema...mas ainda tenho de o perceber.


Antes de ser atendida, Enquanto esperava na sala, ia observando os outros utentes que aguardavam junta médica como eu. Visivelmente atacados. Um com um valente ataque de tosse, devia ser nervoso miudinho. Outro, lia um livro de pernas para o ar. E uma deficiente motora, numa cadeirinha, reclamava, reclamava os noventa centimos que todos pagamos pela junta medica. Ela era a unica com algum discernimento intelectual:" Se sou deficiente, estou isenta e tenho de pagar noventa centimos para quê??? é para você beber café?...
Outro falava ao telemovel: " é pá qual é o teu problema, a minha mulher deu lá uma festa, só de mulheres, uma das gajas entupiu-me a sanita com um penso higienico, e agora querem o quê?... eu não vos pago para tratarem disso?!"...
lá dentro até os médicos tinham um arzinho pouco eficiente. Entrei,e o tempo sentada foram uns cinco minutos, se tanto. Abri a boca para o bom dia, e para perguntar se tinham junto o ultimo documento entregue. Foi-me atribuido 66% de deficiência e logo ai eu fiquei apreensiva: "Porque raio tinham de me atribuir logo dois algarismos 6? eu não sou supersticiosa mas no meu caso há que evitar estas causalidades. Se houvesse mais um seis estava bem tramada! ...e sai desesperadamente disparada com a folha de papel na mão.
Que maravilha...se estiver viva, la para os 49 anos passo a ser eficiente. Mas e os 33 gânglios que me retiraram e já não me nascem?... hum...há para aqui qualquer subtileza que está salvaguardada da minha humilde compreensão. Eu desgangloriada e eficiente a 100%?...está bem...quem me dera voltar à normalidade. Nasceu-me uma alma nova à conta do delegado e respectivos subordinados públicos.

Em casa, em alteração ao seu quatidiano laboral, o meu marido resolveu alterar tres vezes por semana o horario do bar. Para festejarmos, resolvi fazer um bacalhau dourado no forno, que me deu uma trabalheira. A mesa ja posta, a sala com a arrumação mais ou menos controlada em relaçao aos brinquedos do Miguel e do cão. Depois de tudo isto: vinte uma e trinta e eu com uma soneira e um cansaço que resolvi deitar-me com o miudo. Mensagem pelo telemovel: desculpa lá...o sono venceu mais uma vez as honras da casa. "Quando chegares ha bacalhau no forno".

Que se lixe... há dias que parecem noites. E noites que são autêntico breu.

Amanhã, dia das analises e surprise!!!! encontro com fotos e tudo, nem se ponham a adivinhar, não é só com uma...são mais...vai ser uma farra!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Merda...merda...merda ...merda de medo este!


Todos temos os nossos momentos, alguns são maus momentos.Todos temos medo...somos humanos. E uma doença não é um fardo que se receba de ânimo leve.Doença grave então...não há ânimo por mais leve que seja que não desencadei uma valente vontade de dizer palavrões. E para não adicionar mazelas ao quadro clinico, há que dize-los sempre que nos apeteça.E agora apetece-me... Grande merda de doença esta!

Nao pudemos acumular desencantos, muito menos frustrações. Temos de saber enfrentar o dia, acolher a noite sem medo e acordar novamente com a energia e a esperança de uma criança. Uma criança que não sabe o que o dia lhe reserva, mas tambem não sente a importância de o saber.

Não queria fazer um testamento sobre o meu medo, na verdade não queria senti-lo. A merda do medo é complectamente desnecessário.Só nos impõe limites, retrai, cria-nos imagens das quais fugimos. Sem medo seriamos mais felizes, cumpririamos as nossas tarefas em paz, sem querer saber do que viria a seguir. Não teriamos medo sequer de sentir medo.

Tenho andado arredada, porque me sinto cansada, trabalho, casa, filho. E não tenho escrito o que me vai na alma, nem o que deveria registar em relação ao que me vai no corpo. Não consigo cumprir as tarefas que gostava, e tenho tantas que gostaria de realizar! Não tenho lido, não tenho ido ao cinema, tenho me dedicado às tarefas domésticas que nem uma leoa... invento algumas saidas para teimar comprar algumas peças saldadas, para vaguear no meio da multidão mercantil. Não sei o que é refastelar o corpo ao balanço de uma melodia, à tanto tempo que até doi lembrar. Não me sento num sofá a ler uma revista, nem tenho tido paciência para fazer umas daquelas bombas caloricas que tanto prazer me dá. Enfim tenho analisado balancetes, lançado documentos, explicar o inesplicavel sistema financeiro que nos rege. Sinto-me uma perfeita idiota. Sinto-me como qualquer cidadão que recebe um ordenado em troca do suor da farda, para gasta-lo a pagar ordenados a outras fardas suadas. E sinto assim os dias a passarem e eu com uma vontade de uivar, virar o tampo da mesa, e começar por fazer um" table dance" mas ao contrario ( debaixo da mesa).
Arranjar maneira de lutar contra esta maldita doença. Ajudar a criar fundos para tal.Mas como? já pensei, repensei e adorava muito ter tempo e espaço para me encontrar com folhas em branco e escrever o que me vai na alma, o que me doi, o que me anima a mim e a todos nós, que já somos uma grande familia. Festejar os dias tal benção de Deus, a não como mais um conjunto de 24 horas.Queria voltar aos bancos académicos, tenho sede de aprender.

Escritos que seriam folhas coloridas, umas mais que outras. A nossa tristeza, e a força brutal que reacende de mais dor, de batalhas vencidas. Mas tambem seriam cores de esperança, das batalhas guerreadas e vencedoras.Conclusivo o facto de que ninguem vive em vão. Todos nós temos o nosso livro para cumprir. Todos nós temos a leitura dos nossos dias para escrever.

Sinto medo da doença é verdade, mas sinto mais medo dos dias em vão. Medo do abandono do corpo, mesmo respirando vida.A minha imagem reflectida no espelho era uma tela colorida, cheia de projectos, que nem me fora apercebendo que ia acumulando anos.

Nunca aceitei que esta doença seria fatal. Mas sinto medo de tudo e de nada que me possa provar o contrário.

Passo pelos blogues de todas nós, amigos do coração, e denoto em todos, algum desencanto e muita vontade de mascarar esse sentimento. Para evitar que as feridas permaneçam abertas e principalmente para evitar passar aos outros o negrume da nossa imagem actual.

Escrevi um texto sobre a Anixinha, até hoje nao tive coragem de aqui o meter.Não sei quando terei, nem se terei, vou guarda-lo numa gaveta do coração até ver o que faço à gaveta. Mas tenho a certeza, que a mensagem dela foi passada: lutar até ao fim, com um sorriso e uma lagrima.E tem de servir-nos de base, a sua luta, para nos criar a força que nos tem ultimamente abandonado. Seria assim que ela gostaria. Também tenho de responder à Dina porque até agora ainda não o tinha feito:" ...o que quiseres, quando quiseres, eu escrevo para o livro que irás publicar em homenagem ao desejo da Anixinha.


Como já a Mimas referiu no seu calendário mensal, tenho análises dia 23 e consulta dia 24 de Janeiro com o Dr Frederico.Já sinto o coração pequenino que mal o sinto tal é o medo dos resultados. Mas assim que ouvir ele dizer que esta tudo bem, vou logo comprar mais um frasquinho de verniz fushia, para usar nessa tarde. Não faço a coisa por menos. Gaja que é gaja tem de festejar... com uma pintura de guerra.

Não vamos baixar os braços, depois dos palavrões, voltamos ao pedestal e somos umas verdadeiras amazonas.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Cá vai disto...extensões capilares.


Ora as minhas extensões, são poucas.Como diz um colega meu, tenho excesso de liquidez e não sei o que lhe hei-de fazer. Mas essa não é a verdade. para mim que nunca me vi de cabelo curto...este bocado de cabelo a mais funciona como terapia.







Para o rabo-de-cavalo, fica fixe.


Haja saude!


Na verdade Sinto-me mais acompanhada com cabelo comprido!...




Beijinhos e abraços...